Bulletstorm – Review

Bulletstorm – Review

Produtora: People Can Fly / Epic Games Distribuidora: EA

Gênero: Tiro em primeira pessoa Plataformas: PC, Xbox 360 e PlayStation 3

 

Por: Sr iury

Para muitos jogadores, os jogos de tiro encontraram a estagnação na atual geração de consoles. Tirando algumas pérolas inovadoras como BioShock, a maioria dos muitos jogos que foram lançados para o gênero partiam para a mesmice usando fórmulas há muito batidas, mas tentando alcançar um certo grau de realismo e muitas vezes esquecendo-se do fator que acaba sendo o mais importante para nós: a diversão.

Bulletstorm foi anunciado como o título que iria nos fazer lembrar disso. Em uma parceria entre a People Can Fly (Painkiller) e a Epic Games (Gears of War), a EA divulgou Bulletstorm com maestria. Em uma jogada de marketing genial, eles chegaram a lançar um jogo chamado Duty Calls para satirizar a franquia de jogos de tiro mais popular de todos os tempos e preparar o terreno para algo novo, mas não revolucionário.

Depois da demo lançada pouco antes do lançamento, comprovamos que o objetivo de Bulletstorm era instigar a nossa criatividade para fazer pontos livremente através de uma overdose de diversão explodindo e chutando tudo o que há pela frente. Agora chegou a hora de descobrirmos se o produto final é o jogo que nos foi prometido.

Bem vindo a Stygia

Esqueça realismo! Em Bulletstorm, você está em um planeta chamado Stygia e lá encontramos elementos que gostamos de ver em uma boa história de ficção científica. Estamos falando de veículos futuristas, plantas carnívoras enormes, tribos canibais e até dinossauros que você irá dar de cara durante a sua estadia lá.

Você assume o papel de Grayson Hunt, um pirata espacial beberrão que tem como parceiro o ciborgue Ishi Sato, que luta pelo controle do próprio corpo, logo após a queda de sua nave no perigoso planeta. Expulsos da organização Dark Echo, protetora da Federação de Planetas, há cerca de 10 anos atrás, a dupla deve enfrentar não só o general que os traiu antes, mas também as plantas carnívoras, mutantes e monstros que chamam Stygia de lar. No final das contas, o objetivo deles acaba se tornando uma divertida aventura onde tudo o que importa é sair do planeta com vida.

Inventar Stygia foi a única maneira de conceber essa história como ela deveria ser contada. O planeta possui cenários vivos e variados e nós visitamos florestas, praias, desertos, naves, indústrias, ruas urbanas, represas, cavernas e muito mais. Mesmo com certa linearidade, você é incentivado a explorar os locais visitados atrás de coletáveis, que incluem robôs noticiários, garrafas de bebida e enxames de insetos azuis brilhantes. No caso das bebidas, Grayson fica bêbado e o jogo consegue ficar ainda mais engraçado enquanto o cara não tem ideia das loucuras que faz.

Em certo momento da trama, você encontra Trishka, uma guerreira feminina de alto nível que deseja vingança pela morte do pai. Poderíamos dizer que ela é responsável pelo toque feminino, mas o que ela faz com os inimigos não é muito bonito.

Isso tudo ajuda a história a se manter com fôlego de filme de ação e a campanha não demora para se tornar memorável. Para prender mais a atenção do jogador, algumas cutscenes ainda são interativas e elas fazem você deslizar de volta pra ação.

Chute tudo o que encontrar

A mecânica de jogo de Bulletstorm seria muito parecida com qualquer outro FPS salvo dois elementos únicos: o Leash e a bota de Grayson. Mas como assim? O que é um Leash e como assim bota? É fácil explicar, mas nada como testar por conta própria.

Leash é talvez o maior diferencial do jogo. O dito cujo nada mais é do que um chicote energético acoplado a um dispositivo que fica sempre colado na mão do protagonista, que o permite alcançar inimigos e objetos a longas distâncias. Com o Leash, você pode fazer de tudo, incluindo buscar itens e fazer inimigos levantarem vôo com um ataque devastador chamado Thumper. Em Stygia, as pessoas podem voar.

Depois do Leash, talvez o seu pertence mais precioso seja seu par de botas. Chutar em Bulletstorm é rápido, útil e divertido, logo também é importante a todo momento. É uma das formas de deixar os inimigos pairando no ar em câmera lenta, para ter uma morte nada agradável explodindo ou batendo em algo, mas já falaremos sobre isso.

O jogo não possui botão de pulo para você sair do chão quando quiser, mas é possível pular obstáculos com o botão de ação. Quando não quiser se deslocar correndo, você tem a opção de escorregar pelo chão em alta velocidade, jogando pro alto quem estiver na frente. É claro que eles também ficam em câmera lenta no ar.

São loucuras desse tipo que fazem de Bulletstorm um jogo tão especial. Felizmente, o talentoso elenco de dubladores consegue reproduzir esse clima de comédia passado constantemente pela ação. As vozes representam muito bem os personagens e ouvimos frases marcantes que não devem ser reproduzidas aqui em razão da faixa etária, certo? Fato é que os personagens são carismáticos e as piadas somam muito ao jogo. Na verdade, esperamos que Duke Nukem Forever o supere nesse quesito.

Ganhe pontos com estilo

Para olhos treinados, muitas influências de Gears of War são notáveis em Bulletstorm. Pra começar, temos a violência exagerada, que talvez pelo toque de comédia da PCF vá mais longe do que a obra máxima de Cliff Bleszinski. Embora o consagrado sistema de cobertura de Gears of War não sirva de base para Bulletstorm, os modelos dos personagens se movimentando serão bastante familiares para os fãs do clássico.

Mas deixando de lado os toques da Epic, a impressão é de que quase todo o resto tenha vindo do jogo anterior do estúdio polônes, Painkiller. O título que te obrigava a assinar o pacto logo antes do menu principal também abusava da fórmula “tudo ou nada” de Bulletstorm. Em ambos os jogos, você está aproveitando o silêncio e as paisagens livremente ou então está ouvindo uma música pesada rodeado de inimigos vindo todos pra cima de você. A trilha sonora pesada só ajuda a injetar adrenalina.

Vale destacar que a Unreal Engine 3 foi usada com eficácia em Bulletstorm, justificável somente pelo auxílio da criadora do motor gráfico na produção. Parece que encontraram a engine perfeita para dar banhos de sangue e exibir mutilações explicitamente. A física também funciona muito bem para um ritmo tão alucinante, mas ao contrário de Gears, os cadáveres somem depois de um tempo em Stygia.

Apesar de ter um enredo mais do que decente, de certa forma, Bulletstorm tem como principal objetivo fazer você ganhar pontos. Isso mesmo, aqueles números que saem dos inimigos conforme você vai os exterminando. Ganhar pontos por morte significa que você é premiado com pontos a todo momento e quanto mais inusitada for a forma que você escolheu para matar o sujeito, mais pontos você vai ganhar.

Há um sem número de possibilidades para se livrar das gangues do planeta Stygia e todas elas tem um nome, sendo chamadas de Skillshots. Sua imaginação é o limite para a realização de Skillshots já que o jogo conta com mais de uma centena deles. Alguns são bem óbvios, como explodir uma cabeça, outros nem tanto, como por exemplo chutar um inimigo com o intuito de prendê-lo num cactus enorme.

Além de rir das mortes dos capangas, você faz Skillshots para ter mais pontos a disposição para investir em melhorias ou munições para o seu armamento. E é lógico que para fazer tanto estrago você vai precisar de armas, mas só daquelas poderosas.

Chuva de balas

O que seria de um jogo de tiro sem armas de respeito? Neste aspecto em particular, Bulletstorm faz de tudo para não decepcionar. O arsenal disponível é um misto do que vimos em Painkiller e Gears of War e conta com poucas armas, mas infinitas possibilidades. Após ser melhorada com a aplicação de pontos, cada arma ganha um tiro secundário. Por exemplo, a carabina Peacemaker não serve apenas para sair atirando feito o Rambo porque seu tiro secundário é concentrado e pulveriza o alvo.

Uma das armas se chama Flailgun e ela permite a você enrolar inimigos em granadas. Não se esqueça da possibilidade de chutar o infeliz para cima de outros e ver todos explodindo juntos, voando pedaços de carne fresca para todos os lados. Outra arma das mais interessantes é o rifle de alta precisão Head Hunter, que deixa o mundo em câmera lenta enquanto você guia seu disparo. Feito pra quem tem mira milimétrica.

Além das armas que você carrega, existem metralhadoras gigantes acopladas em torretas que podem ser desmontadas e levadas para a sua faxina. A interação com o cenário não para por aí. Sendo criativo, você deve aproveitar o meio ambiente para eletrocutar, queimar ou explodir os inimigos. Você pode até mesmo chutar carrinhos de cachorro quente pra cima deles ou então fazer uma abóbora prender na cabeça de um inimigo e logo em seguida fritá-lo, proporcionando o Skillshot Halloween.

Uma pena termos tantas armas a disposição e não termos como matarmos uns aos outros. Isso porque Bulletstorm não possui nenhum modo competitivo até esse momento. Os únicos modos além da campanha são Anarchy, que reúne quatro jogadores em uma área que deve ser defendida das ondas inimigas, no estilo Horde lançado por Gears of War 2, e Echo, que são trechos da campanha em formato de missões. Ambos possuem Leaderboards porque, lembre-se, fazer pontos é o que há.

Conclusão

Chegando ao clímax de Bulletstorm, você descobre que os trechos finais não apresentam novidades, mas oferecem uma dose de desafios que devem ser vencidos com o muito que você aprendeu. O final conclui o último ato da aventura, mas abre espaço para uma continuação, que será bem vinda por quem gostou de dar bicos.

Sendo o mais franco possível, se você é daqueles que continua se divertindo o suficiente com o multiplayer de Call of Duty ou Halo: Reach e dispensa campanhas elaboradas em jogos de tiro, Bulletstorm é dispensável para você. Caso contrário, é melhor dar uma chance para o atirador mais diferenciado dos últimos tempos.

Essa campanha não é das mais longas e pode ficar repetitiva, mas mesmo sem cooperativo sobra fôlego para uma segunda partida, onde você corre atrás de Skillshots inéditos. Um modo cooperativo na campanha seria razoável tendo em vista que o personagem principal nunca anda desacompanhado, mas você ainda pode se juntar a um companheiro no modo Echo, que é tão divertido quanto a campanha.

Por fim, os donos de Xbox 360 tem como incentivo extra para a compra da Epic Edition de Bulletstorm acesso prévio ao cobiçado beta de Gears of War 3, que acontecerá nos próximos meses. Nós temos certeza que estaremos lá esperando.

Mais & Menos

+ Violentamente engraçado e divertido

+ Leash é um recurso inovador para o gênero

+ Excelente uso da Unreal Engine 3

+ Armamento variado e único

- Ausência de modo cooperativo na campanha