Com cara de mau, Ford em tom preto fosco cumpre tudo aquilo que sua imagem promete
por Luís Guilherme
do AutoMotor/Portugal
exclusivo para MotorDream
Não é muito comum acontecer uma situação como esta. Mas a verdade é que este é um teste sobre um Ford que já não pode ser comprado por ninguém. Isto porque foram 500 unidades produzidas e todas já têm dono. Destino trágico é o da unidade usada pela imprensa para o teste, que será destruída depois de ter cumprido o seu papel. Uma pena.
O diferencial desta nova edição especial do Focus RS começa no exterior. A pintura preta fosca foi desenvolvida pela 3M e as rodas também pretas dão a impressão que o carro saiu do filme “Mad Max”. É um daqueles modelos que respira velocidade mesmo quando está parado.
As rodas são as mesmas, os pneus também e a suspensão não sofreu qualquer alteração em relação ao modelo base. As grandes alterações aconteceram no motor 2.5 turbo de cinco cilindros. Foram instalados intercooler, filtro de ar e de escape maiores e a central eletrônica foi reprogramada. O resultado é um aumento de potencia de 45 cv – 305 para 350 – que pode ser atingida 500 rpm mais cedo.
Este incremento permite assim que se acelere fundo, apesar de a Ford anunciar que este modelo é apenas 0,3 segundos mais rápido no zero a 100 km/h. Mas nas medições realizadas a diferença foi mais significativa. O RS 500 arrancou 5,7 segundos até os 100 km/h, contra os 6,8 segundos do Focus RS comum. O motor fica mais cheio em baixas e médias rotações, e mantém a mesma agressividade sonora quando se leva o ponteiro do conta-giros até o início da faixa vermelha.
Muita emoção
O ótimo feeling da direção, a eficácia da suspensão, o excelente manuseamento da transmissão e a potência dos freios são alguns dos elementos chave no cocktail de emoções que se vive ao volante quando se começa a explorar o RS 500. É o mais próximo de um carro de rali que se pode ter ao circular em estradas públicas, e parece estar sempre a desafiar o bom senso e a sanidade mental do mais comportado dos motoristas.
O Focus RS 500 salta de curva para curva com uma agilidade notável E sempre com um nível de aderência impressionante. Custa a crer que os 350 cv sejam transferidos apenas para as rodas dianteiras.
O instinto aconselha a aliviar o acelerador quando a frente começa a querer alargar a trajetória pretendida, mas como existe um diferencial autoblocante, atitude correta é exatamente a inversa. Além de a aceleração ajudar a colocar potência na roda exterior, o esquema Revo Knuckle do eixo dianteiro garante que não haja vibrações indesejadas na direção enquanto os pneus "fincam as garras" no asfalto.
É necessário treinar o cérebro para pisar com vigor o acelerador quando a dianteira começa a querer fugir, pois só assim é possível usufruir de toda a qualidade dinâmica deste RS 500. Por mais que se force a direção e abuse do acelerador, parece que não há limites para a sua capacidade de se agarrar à estrada e engolir a próxima reta para chegar à curva seguinte com uma atitude voraz.
Estabilidade imaculada
Nas curvas feitas em alta velocidade, o aerofólio traseiro garante sustentação suficiente para manter o eixo traseiro colado ao solo, o que é importante em um automóvel capaz de desenhar trajetórias exigentes a velocidades proibitivas. O som das duas enormes ponteiras de escape transporta imediatamente para um ambiente de competição, o que aumenta a vontade de não dar descanso ao acelerador. Como o consumo de gasolina não é amigo do bolso, chega a hora de diminuir o ritmo e olhar com mais atenção para a cabine.
A posição de dirigir é ótima e o corpo é bem envolvido pelo banco Recaro opcional todo vermelho. Mas todo o resto é igual ao conhecido Focus RS, apesar de alguns detalhes específicos, como a placa que identifica o nímero da unidade, gravada à mão. Há aplicações para imitar fibra de carbono e as costuras no couro do volante e no forro da transmissão são vermelhas.
O preço desse carro de coleção é de 57 mil euros – o equivalente a R$ 130 mil. Ou melhor, era, durante o tempo que estava à venda. Uma coisa é certa, este Focus dificilmente se apagará da memória.
