Sniper: Ghost Warrior – Review5

Sniper: Ghost Warrior – Review5

Produtora: City Interactive Distribuidora: City Interactive

Gênero: Tiro em primeira pessoa Plataformas: Xbox 360 e PC

Por: Fernando Landeira

 

Por bem ou mal, é fato que os jogos de tiro em primeira são os mais populares nos dias de hoje. O estúdio polonês City Interactive resolveu aproveitar uma parcela específica desse mercado e criar um jogo de tiro focado no combate de franco atiradores. Sniper: Ghost Warrior chega para nos ensinar como atirar a longa distância.

Mas em ano de Bad Company 2, Halo: Reach, Crysis 2, Medal of Honor e Call of Duty: Black Ops, será que sobra algum espaço para o novato Sniper? A resposta é óbvia.

Atirador de elite

Como você já deve ter notado, Sniper: Ghost Warrior é um jogo sobre atiradores de elite. A maior parte do jogo se resume a atirar nos inimigos de longe enquanto estiver escondido. As razões que te colocam em território inimigo envolvem uma trama política na América Latina, num país fictício chamado Isla Trueno. O protagonista se chama Tyler Wells e ele foi enviado para lá atrás de facistas. Não há muito mais o que dizer a respeito do enredo, porque tudo parece uma desculpa para trocar uns tiros.

Uma das características mais marcantes do jogo é o momento do tiro. Aliás, a sensação é ótima quando se acerta o alvo. Em alguns momentos tudo fica em câmera lenta e a câmera acompanha a trajetória da bala para você observar bem onde acertou.

Para ser bem sucedido nas missões, você deve saber se posicionar. Enquanto estiver no lugar certo, você pode, por exemplo, atirar em inimigos atrás de objetos, como paredes finas de madeiras. Ou então atirar em dois inimigos enfileirados de forma conveniente. E também temos os tonéis explosivos. Não pense que o jogo limita suas ações. Os cenários são vastos e você também pode jogar no velho estilo Rambo de ser, mas neste caso não espere chegar muito longe na maior parte das missões.

Mesmo com o treinamento básico no início do jogo, atirar corretamente e se esconder de verdade exige prática. Se você acha que o tiro sempre precisa acertar onde está sua mira, esse definitivamente não é o jogo certo para você. Você precisa calcular friamente a trajetória da bala de acordo com a diferença de altura e distância do inimigo. Então pare e pense quantas vezes for necessário antes de puxar o gatilho.

Quando a missão não é um sucesso

A jogabilidade de Sniper é similar a de Call of Duty, mas além de não ser tão fluída, possui alguns adicionais. Como esse é um jogo menos linear e mais voltado ao stealth do que a série da Activision, aqui precisamos de seringas para recuperar nossa vida. Elas podem ser encontradas em pontos específicos do cenário, como cabanas. Sobre o stealth, temos aqui um sistema de camuflagem bem interessante, quando funciona. Acontece que a barrinha que deveria indicar que você está sendo visto foge do seu controle em alguns momentos. É justamente aí que você fica comprometido.

Se esconder embaixo d’água nem sempre é uma boa idéia. Como o jogo tenta ser realista, você será facilmente visto e não poderá trocar tiros enquanto estiver nadando. Isso seria engraçado. É claro que você pode mergulhar para não ser visto, mas fôlego tem limite e não espere encontrar bolhas de ar iguais as do Sonic.

A inteligência artificial dos inimigos é outro problema. Muitas vezes ela é eficiente até demais, o que tira o brilho de qualquer estratégia bem bolada. Basta um passo errado e em poucos segundos você estará enfrentando um verdadeiro exército. Em outras palavras, a morte certa. Isso faz com que a dificuldade se torne desbalanceada.

Na hora de se locomover, o ideal é andar devagar, se possível abaixado, e tirar os inimigos de cena da forma mais silenciosa possível. Ao invés de jogar um granada, experimente jogar uma faca no cangote do infeliz que estiver montando a guarda.

Para ajudar os menos pacientes, o jogo facilita as coisas de forma especial na dificuldade mais baixa, onde você não precisa considerar elementos como vento e gravidade na hora de atirar. Assim você se sente quase jogando um FPS qualquer.

Potencial desperdiçado

O quesito visual do jogo não é ruim, mas decepciona em alguns pontos. O motor gráfico em questão é a Chrome Engine 4, que foi baseada na CryEngine 2, utilizada em Crysis. Se você já deu uma boa olhada na menina dos olhos da Crytek, deve perceber certas semelhanças em ambos os jogos, principalmente nas florestas tropicais.

Pode parecer uma comparação injusta, mas as animações de Sniper também estão em um nível bastante inferior a Crysis. A movimentação dos soldados é simplória e não agrada, com o personagem principal incluso nessa. Para uma engine tão poderosa, o resultado poderia ter sido bem melhor. Olhos treinados devem perceber serrilhados com frequência, como nas sombras, e isso pode começar a incomodar cedo ou tarde.

Em matéria de som, os efeitos sonoros ganham da dublagem e da trilha sonora. Enquanto o som ambiente faz a sua parte, a dublagem é genérica e não marca nem um pouco. A maior parte dos diálogos é entre o protagonista e a mulher que passa as missões via rádio para ele. Sem se destacar muito, vale dizer que o personagem O’Neil é interpretado pelo mesmo dublador de Nathan Drake, de Uncharted, Nolan North.

A campanha para um jogador é bastante curta. O curioso é que isso não pode ser considerado um ponto negativo aqui. Na primeira hora de jogo, você já terá certeza de que nada indispensável te aguarda nas missões seguintes de Sniper: Ghost Warrior. O pior disso tudo é que você não poderia estar mais certo. Quando cansar de jogar sozinho e partir pro multiplayer, irá perceber que ele tem modos bastante genéricos e não oferece uma longevidade muito maior do que o modo para um jogador.

Conclusão

Sniper: Ghost Warrior é um jogo que tenta ser realista dificultando as coisas, mas em alguns momentos ele é tão difícil que deixa de ser realista. A inteligência artificial dos inimigos deveria ser apenas desafiadora. Mesmo mostrando um lado dos conflitos militares não muito explorado de forma centralizada nos games, o jogo falha em tantos aspectos que é impossível não pensar que temos aqui um grande exemplo de potencial desperdiçado e nenhuma inovação. Se algum outro jogo com a mesma temática estiver em desenvolvimento, ele não deve se espelhar em Sniper.

No final das contas, fica difícil recomendar Sniper: Ghost Warrior mesmo para quem é fã do gênero. Temos muitos títulos superiores já disponíveis no mercado. A esperança é que a City Interactive aprenda com as críticas e traga um jogo melhor na próxima.

Mais & Menos

+ Sinta-se um atirador de elite

+ Câmera lenta durante os tiros

- Não possui identidade própria

- Dificuldade desbalanceada

- Péssima inteligência artificial